2 de novembro de 2024
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Taxas futuras de juros sobem quase 10 pontos-base sob influência de IPCA e exterior Por Reuters – @br.investing.com

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© Reuters. Notas de 200 reais
02/09/2020
REUTERS/Adriano Machado

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Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos DIs fecharam a quinta-feira com alta firme no Brasil, de quase 10 pontos-base em alguns vencimentos, reagindo aos dados da inflação brasileira piores que o esperado e ao novo avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior, em meio às apostas de que o Federal Reserve cortará juros apenas mais à frente.

No início do dia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,42% em janeiro, ante alta de 0,56% em dezembro. Apesar da desaceleração na margem, a inflação do mês em janeiro ficou acima das expectativas em pesquisa da Reuters, de alta de 0,34%.

Dentro do IPCA, os preços de alimentos e serviços ligaram o sinal de alerta no mercado, assim como outros componentes.

“O IPCA de janeiro não representa uma ameaça imediata à meta de inflação, (mas)… os indicadores qualitativos sugerem que podemos enfrentar desafios à frente”, afirmou André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, em comunicado aos clientes.

“O índice de difusão, que mede a quantidade de bens e serviços com aumento no mês, permaneceu elevado, acima dos 62%, em linha com o que foi observado em dezembro… Além disso, os núcleos de inflação mostraram uma leve piora no início do ano, especialmente devido ao aumento dos preços dos serviços.”

Os dados do IPCA, piores que o esperado, deram suporte às taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) desde o início da sessão no Brasil, em movimento que foi reforçado pelo avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior.

Lá fora, a perspectiva de que o Fed cortará juros apenas em maio ou depois disso foi reforçada por novos números do mercado de trabalho. Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego estaduais caíram em 9 mil na semana encerrada em 3 de fevereiro, para 218 mil em dado com ajuste sazonal, informou o Departamento do Trabalho dos EUA. Economistas consultados pela Reuters previam 220 mil pedidos para a última semana.

Também em função da expectativa por mais um leilão de títulos do Tesouro norte-americano, os yields sustentavam ganhos firmes na sessão.

Os negócios no Brasil ocorriam sobre pano de fundo político conturbado, em meio à operação da Polícia Federal que investiga tentativa de golpe de Estado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, embora esses desdobramentos tivessem pouco ou nenhum efeito nas negociações.

“O resultado do IPCA abriu um pouco a curva (de juros), mais no (trecho) curto e no miolo da curva, e o exterior acabou empurrando o longo”, comentou Daniel Leal, estrategista de renda fixa da BGC Liquidez.

Ainda que a influência do IPCA tenha sido percebida na sessão desta quinta-feira, Leal afirma que o exterior tem sido, desde o ano passado, a principal referência para a curva a termo brasileira. Nas últimas semanas, dados da economia norte-americana e declarações cautelosas de membros do Fed reforçaram as apostas de que os juros não serão cortados nos EUA em março.

“Não é que os EUA não vão cortar juros, eles vão, sim, buscar o conforto para cortar os juros. E talvez isso não seja na velocidade que o mercado esperava”, pontuou Leal.

No Brasil, a perspectiva de curto prazo se mantém. Perto do fechamento desta quinta-feira a curva a termo brasileira precificava 94% de chances de o corte da Selic em março ser de 0,50 ponto percentual. Atualmente, a Selic está em 11,25% ao ano.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,005%, ante 9,957% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,775%, ante 9,678% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 9,94%, ante 9,84%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,19%, ante 10,096%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,6%, ante 10,502%.

Pela manhã, em entrevista à Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a minimizar a possibilidade de descumprimento da meta de resultado primário zero em 2024.

“Essa é uma discussão que de vez em quanto aparece e eu não gosto que ela apareça. Você gasta o quanto você arrecada”, disse Lula. “Se der para fazer superávit zero, ótimo. Se não der, ótimo também.”

Os comentários de Lula, em tese negativos para a curva de juros, não influenciaram tão diretamente o avanço das taxas, com os DIs refletindo mais o IPCA e os Treasuries nesta quinta-feira.

Às 16:39 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 6,80 pontos-base, a 4,1657%.

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