Para muitos idosos, viver de forma independente representa uma conquista e um símbolo de liberdade. No entanto, com o passar do tempo, alguns sinais começam a indicar que essa autonomia pode se tornar um risco.
Sinais como quedas frequentes, desorganização no lar e esquecimentos recorrentes, como deixar o fogão ligado ou esquecer de trancar as portas, são alertas de que o idoso pode precisar de mais suporte para garantir sua segurança e bem-estar.
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Em conversa com o Terra Você, a médica geriatra da Saúde no Lar, Simone de Paula Pessoa Lima, explica que condições de saúde e dificuldades físicas, como a perda de memória e a mobilidade limitada, estão entre os principais fatores que interferem na decisão de mudar o idoso para uma moradia assistida.
“Quando os esquecimentos afetam atividades essenciais como o uso correto das medicações, ou as quedas se tornam um evento recorrente, é fundamental considerar o suporte adicional para evitar riscos maiores,” explica a geriatra.
Ela enfatiza que essa decisão deve ser tomada em conjunto com o idoso, a família e os profissionais de saúde, priorizando sempre a segurança e a qualidade de vida da pessoa.
Determinar se a necessidade de ajuda é apenas momentânea ou permanente é uma dúvida comum das famílias. Situações como uma hospitalização recente ou o luto podem exigir supervisão temporária, mas, segundo a médica, se sinais de dependência se prolongam por meses e mostram piora, isso pode indicar uma mudança mais duradoura.
A avaliação de um profissional pode ajudar a compreender melhor o quadro do idoso, identificando se as dificuldades tendem a estabilizar ou a progredir.
Existem alternativas de moradia que oferecem um equilíbrio entre suporte e independência, como as residências assistidas, onde o idoso conta com supervisão em tarefas diárias, mas mantém autonomia nas atividades que consegue realizar sozinho.
Outras opções incluem as comunidades de idosos, que combinam moradias individuais com suporte de saúde, e as instituições de longa permanência com assistência parcial, que se adaptam às necessidades do idoso.
A médica também destaca o home care, uma alternativa em que “o paciente consegue permanecer morando em sua casa, mas terá a assistência necessária de profissionais de saúde, de acordo com suas demandas e necessidades.”
Como lidar com a resistência?
A resistência à mudança é comum entre os idosos que, apesar dos sinais de dependência, insistem em morar sozinhos. Nesses casos, é importante adotar uma abordagem empática. A geriatra recomenda “conversas abertas e frequentes para esclarecer os riscos” e envolver o idoso nas decisões para que ele sinta que mantém um senso de controle sobre a situação.
Introduzir apoio gradualmente, como a presença de cuidadores ou adaptações no lar, pode ajudar na aceitação. O apoio psicológico também é valioso, pois auxilia o idoso a entender suas limitações de maneira positiva e a aceitar cuidados com mais facilidade.
Roberta Cáceres, com informações do Terra.