Era janeiro quando Ana, 17 anos, de Campo Grande, abriu o site do Exército para se alistar. Como ela, outras 23 mil jovens brasileiras, completando 18 anos em 2025, decidiram tentar um lugar nas 1.465 vagas oferecidas pelas Forças Armadas neste ano. No Mato Grosso do Sul, o alistamento militar feminino ecoa entre as cidades de Campo Grande, Corumbá e Ladário, onde jovens, por curiosidade, sonho ou oportunidade, fazem fila para se inscrever.
As inscrições começaram no dia 1º de janeiro e já revelam números impressionantes. Mas a realidade é que, para muitas delas, o caminho terminará antes mesmo de entrar em uma unidade militar. Apenas 1.010 vagas estão reservadas para o Exército, 155 para a Marinha e 300 para a Força Aérea.
“A gente se alista, mas sabe que a chance é pequena. Mesmo assim, estou confiante”, diz Ana, que vê no Exército uma chance de estabilidade e aprendizado. As informações são de A Crítica.
As regras do jogo – O processo seletivo é rigoroso. Primeiro, a jovem precisa estar entre as nascidas em 2007 e ter residência em um dos municípios contemplados. Para completar o alistamento, é necessário apresentar documentos básicos, como certidão de nascimento, documento oficial com foto e comprovante de residência.
No Mato Grosso do Sul, as Juntas de Serviço Militar das cidades participantes são as responsáveis por orientar as candidatas. Entre as cidades do estado que integram o programa estão:
- Campo Grande
- Corumbá
- Ladário
Esses municípios são parte de uma lista de 28 cidades distribuídas em 13 estados e no Distrito Federal. Além disso, o processo de alistamento pode ser feito online no site oficial (https://alistamento.eb.mil.br/alistamento) ou presencialmente.
quatro etapas e muitos sonhos no meio do caminho
Depois do alistamento, a seleção continua em várias etapas: seleção geral, seleção complementar, designação/distribuição e, por fim, incorporação. As jovens selecionadas serão incorporadas no 1º semestre de 2026, entre 2 e 6 de março, ou no 2º semestre, de 3 a 7 de agosto.
Uma vez incorporadas, terão os mesmos direitos e deveres dos homens, ocupando o posto de soldado no Exército e na Aeronáutica, ou de marinheiro-recruta na Marinha.
Mas a seleção também carrega um filtro emocional. “Sabemos que o processo é longo e que muita gente acaba desistindo. Quem permanece, normalmente, é quem tem mais foco ou realmente quer aquilo”, explica Lucas Nogueira, sargento da Junta Militar de Campo Grande.
O que está em jogo – Entre as 23 mil jovens já inscritas, há uma mistura de expectativas: umas querem entrar para seguir carreira militar, outras buscam experiência e estabilidade, enquanto algumas veem o processo como um teste pessoal. “Eu quero ver até onde consigo ir. Talvez eu nem seja chamada, mas só o processo de seleção já será um aprendizado”, diz Letícia Souza, de Corumbá.
A iniciativa tem chamado atenção porque simboliza o avanço da presença feminina nas Forças Armadas. Historicamente um espaço masculino, o ambiente militar abre cada vez mais portas para mulheres. De acordo com o Ministério da Defesa, as vagas foram criadas com o objetivo de ampliar a diversidade nas unidades militares e integrar a participação feminina em funções operacionais.
Cidades estratégicas em MS – A escolha das cidades de Campo Grande, Corumbá e Ladário no Mato Grosso do Sul não foi ao acaso. Essas regiões, especialmente as que fazem fronteira, têm grande importância estratégica para a defesa nacional. Corumbá, por exemplo, está às margens do Rio Paraguai, um ponto de vigilância próximo à Bolívia. Já Ladário abriga a sede do 6º Distrito Naval da Marinha, responsável pelo monitoramento das águas da região.
A presença militar nessas áreas também representa uma oportunidade econômica para muitos jovens que veem no serviço uma forma de garantir estabilidade financeira e acesso a benefícios.
A longa caminhada até o fardamento – Mesmo com a expectativa de incorporar apenas 1.465 candidatas, o alistamento feminino continua atraindo milhares de jovens, que têm até 30 de junho para se inscrever. O resultado final, previsto para o segundo semestre de 2025, definirá quem estará nas fileiras das Forças Armadas em 2026.
Para aquelas que conseguirem superar todas as etapas, o futuro promete desafios, mas também uma chance de fazer parte de uma mudança histórica.
Editado por Roberta Cáceres
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