22 de dezembro de 2024
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Cillian Murphy carrega a vergonha de uma sociedade na abertura do Festival de Berlim Por Reuters – @br.investing.com

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© Reuters. Cillian Murphy dá entrevista coletiva sobre “Small Things Like These” no Festival de Cinema de Berlim
15/02/2024
REUTERS/Annegret Hilse

Por Thomas Escritt e Miranda Murray

BERLIM (Reuters) – Carregando carvão sob um céu de chumbo, Cillian Murphy abriu o Festival de Cinema de Berlim nesta quinta-feira com “Small Things Like These”, no qual a estrela de “Oppenheimer” interpreta um homem cedendo aos fardos gêmeos de uma infância traumática e um presente opressivo.

Ambientado na Irlanda católica dos anos 1980 e baseado no romance de Claire Keegan com o mesmo nome, o filme apresenta Murphy como um pai comerciante de carvão consumido pela culpa e pela indecisão de salvar ou não uma garota presa em uma “Lavanderia de Madalena”, administrada por freiras.

Primeiro filme irlandês concorrendo ao cobiçado Urso de desde 2017, “Small Things”, do diretor belga Tim (BVMF:) Mielants, busca destacar a história traumática recente da Irlanda que alguns tentaram enterrar, disse Murphy a repórteres.

“Foi um trauma coletivo para pessoas de uma certa idade e eu acho que eles ainda estavam processando isso”, disse.

“A ironia do livro é que é um homem cristão tentando fazer um ato cristão em uma sociedade cristã disfuncional”, disse Murphy, indicado ao Oscar por “Oppenheimer”.

As “Lavanderias de Madalena” da Irlanda, a última das quais fechou as portas em 1996, eram casas de trabalho para mulheres acusadas de imoralidade — frequentemente por terem ficado grávidas fora do casamento. As reclusas eram forçadas a trabalhar como lavadeiras em condições análogas à escravidão para o benefício da ordem religiosa que as mantinha afastadas dos olhos de uma sociedade tomada pela culpa.

O retrato que Murphy faz de um adulto duplamente abatido pela depressão recorda ao público que os atos de heroísmo podem nascer do desespero ou de uma posição de força.

“Para seguir em frente nesta vida, há coisas que temos de ignorar”: a sua mulher, interpretada por Eileen Walsh, transmite numa única frase o peso esmagador do consenso vergonhoso da sociedade.

O filme revela que um passado há muito enterrado está mais próximo do que parece: as ruas escuras de Wexford evocam os anos 1950, e apenas as melodias da banda The Human League tocando numa rádio recordam ao espectador que “Small Things Like These” se passa em 1985.

(Reportagme de Thomas Escritt e Miranda Murray)

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