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No dia 29 de julho de 1958, o rei Gustavo da Suécia entregou a taça Jules Rimet a Bellini, o capitão da seleção brasileira que acabara de vencer a Copa do Mundo. Ele estava cercado por fotógrafos que conseguiam ver o troféu e pediram: “Bellini, erga a taça!”.
Então, o primeiro capitão do penta a levantou com os dois braços sobre a cabeça e eternizou o gesto que consagra uma grande conquista, repetido por todos os campeões desde então.
Zagueiro de estilo vigoroso e líder nato, Hideraldo Luiz Bellini era uma lenda do futebol brasileiro em 1967, depois de três Copas do Mundo com a seleção, quando o presidente Joffre Cabral e Silva, num lance de grande ousadia, o convidou para jogar no Athletico. Bellini tinha uma proposta do New York Generals na mesa, e foi sua esposa, Giselda, quem decidiu vir para Curitiba.
Os dois chegaram no dia 7 de fevereiro e durante 48 horas o capitão deu entrevistas, foi homenageado e participou de solenidades. Dois dias depois, assinou com o rubro-negro seu último contrato profissional, aos 37 anos.
Os 17 meses em que vestiu a camisa rubro-negra foram o último passo de sua carreira e um enorme marco na vida do Athletico. Sua presença por aqui é um ponto de virada para o futebol, que a partir de então passou a ser levado a sério no resto do país.
Bellini era uma grande celebridade na cidade e seu porte e pinta de galã o fizeram garoto propaganda do Frischmans, tradicional loja de moda masculina de Curitiba. Em campo, o zagueirão ainda deu conta do recado, liderando o time que viu o título escapar por muito pouco em 1968.
A despedida de Bellini, do Athletico e do futebol, foi extraordinária, e por que não dizer, intergaláctica. Um Atletiba na Baixada no dia 20 de julho, o mesmo domingo em que o cosmonauta Neil Armstrong pisou pela primeira vez na Lua. Orlando Silva, o cantor das multidões, foi convocado para fazer um discurso em honra a Bellini com sua voz de tenor e entregar uma placa de prata.
No exato minuto em que a Apollo 11 baixava na superfície lunar, Bellini erguia a camisa rubro-negra número 3, para aplausos das duas torcidas numa volta olímpica na velha Baixada que assistia aos prantos a cena inesquecível.
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