O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu as portas do Palácio do Planalto para receber Stella Li, vice-presidente da BYD, gigante chinesa dos veículos elétricos. A conversa teve um tom otimista, cheio de promessas para o Brasil — ou, mais especificamente, para a Bahia, onde a empresa ergue uma fábrica em Camaçari.
Entre dados e superlativos, um destaque: a fábrica, que começa a produzir em 2025, será “a maior e mais avançada do mundo fora da China”, segundo Li. Lula, que conhece bem o gosto das grandes narrativas, gostou do que ouviu. A BYD prevê uma produção de 150 mil carros por ano na primeira fase e 300 mil na segunda. Mais do que números, promete abrir 10 mil empregos diretos até o final do próximo ano e 20 mil até 2026. As informações são de A Crítica.
Mas, como todo bom projeto, o que chamou atenção foi a inovação. A BYD vai desenvolver um motor híbrido que combina etanol e eletricidade, uma solução tecnológica que parece feita sob medida para o Brasil, onde o combustível vegetal é uma espécie de patrimônio nacional.
Camaçari e as camadas de uma revolução – No mesmo dia em que Lula falava de futuro em Brasília, ministros e políticos baianos estavam na linha de frente em Camaçari. A cidade, que perdeu a fábrica da Ford em 2021, tenta se reconstruir como símbolo de uma nova era industrial. “Esse é o futuro que a Bahia merece: empregos, inovação e uma chance de liderar na sustentabilidade”, afirmou o governador Jerônimo Rodrigues, que acompanhava uma visita técnica às obras da fábrica.
O desembarque da BYD no Brasil é também uma resposta ao vazio deixado pela saída de grandes montadoras do país nos últimos anos. Para Lula, é um sinal de que a reindustrialização é possível. E, para a Bahia, é uma redenção.
Tecnologia limpa e um motor brasileiro – O motor híbrido flex, um dos carros-chefe do projeto, mistura tradição e modernidade. O etanol, combustível que já moveu tantas promessas de independência energética no Brasil, agora será combinado com a eletricidade. Segundo Stella Li, a ideia é criar um produto competitivo, eficiente e adaptado ao mercado local.
“Essa tecnologia une o que o Brasil tem de melhor e o que o mundo precisa. Não é só um motor; é um símbolo do que podemos construir juntos”, disse Li, enquanto Lula, Rui Costa e outros presentes balançavam a cabeça em aprovação.
Uma Bahia verde e elétrica – Nem só de tecnologia vive a promessa da BYD. A montadora, líder mundial em energia limpa, também aposta na sustentabilidade como um valor central de sua operação. A planta de Camaçari foi projetada para ser referência em eficiência ambiental, e a produção de carros elétricos é um passo fundamental para a transição energética que o mundo busca — e que o Brasil tenta liderar.
Se tudo der certo, a fábrica não será apenas um marco para a indústria automotiva. Será também uma chance de reposicionar o país no mapa das discussões sobre mobilidade sustentável. Para Lula, que tem investido pesado em narrativas de retomada econômica, o projeto da BYD é mais do que um negócio: é uma bandeira política.
A metáfora do carro – Enquanto as máquinas ainda cavam os alicerces da fábrica em Camaçari, os planos já parecem em marcha acelerada. O futuro que a BYD promete não é só elétrico ou híbrido. É um futuro que, ao menos no papel, combina empregos, inovação e um novo protagonismo para o Brasil. Lula, sempre atento às grandes metáforas, pode até imaginar o país como um desses carros híbridos: dividido entre um combustível do passado e uma energia que promete mover o mundo.
Editado por Roberta Cáceres