Apresentado pela Prefeitura, o projeto da nova Feira Central vem sendo negado pelo Iphan/MS desde 2018.
Três anos após ser anunciado, o projeto da nova Feira Central tem sido motivo de “briga” entre a Prefeitura de Campo Grande e o Iphan/MS (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Localizada em meio ao Complexo Ferroviário e dividindo o cenário com patrimônios que estão desabando, a ‘feirona’ é foco de uma reforma avaliada em mais de R$ 40 milhões, mas que tem sido reprovada pelo Instituto desde 2018.
Sem questionar o potencial turístico e comercial da nova Feira Central, o Iphan/MS vem emitindo relatórios técnicos apontando que a nova construção vai contra a preservação histórica da região. Compondo o complexo ferroviário há “as casas dos operários, dos funcionários intermediários e dos graduados, os escritórios, a rotunda, galpões, oficinas, antigo hotel de trânsito, a caixa d’água e a estação, construída a partir de 1914, com substituições e ampliações em 1924 e 1930”, segundo a descrição do órgão.
Inclusive, a Feira Central está localizada ao lado do galpão (que integra a estação em que passavam as locomotivas) que desabou no último domingo (7), durante chuva e ventania que atingiu a região. O Complexo Ferroviário como um todo recebeu recursos do Governo Federal para que a Prefeitura desenvolva projetos de engenharia e arquitetura para requalificar a região, mas ainda é necessário angariar verba futura para a execução.
Falta de manutenção e chuva resultaram no destelhamento do galpão. (Foto: Marcos Maluf)
Após a sequência de reprovações, a Prefeitura decidiu enviar o recurso para o Iphan nacional garantindo que longe de ir contra os bens tombados, o objetivo é valorizar a história de Campo Grande. Resumidamente, a defesa aponta que o novo projeto destaca a região com turismo, movimentação da economia e valorização do espaço.
Apesar das negativas que ocorreram três vezes desde a primeira análise, a Prefeitura divulgou em ações públicas os investimentos conquistados para o projeto. Em dezembro de 2022, o então governador Reinaldo Azambuja participou de um evento na Feira Central para divulgar um repasse de R$ 25 milhões.
Na época, foi divulgado que, ao todo, seriam investidos R$ 40,6 milhões contando com os repasses da bancada federal.
Além da reprovação do Iphan/MS, a Comissão Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico de Campo Grande também considerou as obras como uma perda para a história da cidade.
Em seu parecer, a comissão destacou que desde sua instalação, a Feira Central não seguiu as características arquitetônicas do projeto, interferindo na paisagem de memória. E, considerando o novo projeto que difere ainda mais, votou contra as obras.
“Motivados pela preservação dos bens tombados ou registrados, somos contrários a qualquer obra neste local e entorno que possam vir a descaracterizar o local tanto no seu aspecto material como imaterial, visto que um patrimônio, depois de destruído, sua recuperação é impossível, o que se faz são cópias destes bens, isso no âmbito material, e nos casos de bens imateriais nem assim se recupera”, diz o voto da Comissão.
CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS